Introdução:
O
presente trabalho pretende refletir sobre a Educação Infantil e suas
especificidades procurando compreender dentro dos aspectos históricos,
políticos e sociais a que veio e para onde vai.
Será
que a visão assistencialista e de desprezo em relação às especificidades da
infância predomina até os dias de hoje, ou conseguimos avançar
significativamente rumo à compreensão da criança e suas necessidades?
Este
é o tema central de nosso trabalho que está apoiado nas disciplinas do 4°
semestre do curso de Pedagogia
Desenvolvimento:
A
Educação Infantil sofreu grandes modificações ao longo do tempo e isso veio
acontecendo através de um processo contínuo. Um processo não apenas individual,
mas coletivo, social e histórico.
É
inconcebível, na atual conjuntura, pensar uma criança isenta de direitos, mas
por séculos ela foi recrutada ainda muito cedo para o trabalho nas fábricas,
maltratada, desprezada e descartada como artigo de menos valia.
Era tida como
fruto do pecado, ser humano com a “maldade intrínseca” que precisava ser
vigiada, disciplinada e corrigida. Contudo uma nova forma de ver a criança e o
conceito de infância nasceu com Jean Jaques Rosseau no século XVIII quando
defendia que “a criança nasce pura, a sociedade é que a corrompe”.
É
fato incontestável que na antiguidade a criança não encontrava um papel de
destaque na sociedade, no sentido de ser um cidadão com direitos a serem
respeitados, ou mesmo de ter vestuário próprio e diálogo diferenciado. Do mesmo
modo, logo que se julgasse possível ingressavam no mundo do trabalho adulto de
forma efetiva como acontece ainda hoje em muitas regiões do Brasil.
Foi
com o surgimento da Revolução Industrial e o advento capitalista que nasceu a
necessidade da criação de locais onde as crianças pudessem ser cuidadas para
que suas mães ingressassem no mercado de trabalho. A princípio existiram as
casas das mães mercenárias, ambiente em que as crianças sofriam maus–tratos e
ficavam aos cuidados de mulheres despreparadas em condições precárias de
higiene.
Em 1844 Firmin Marbeau cria a primeira creche em caráter puramente
assistencialisa.
Já no Brasil a roda dos expostos era a única instituição de
amparo à criança abandonada, instituição essa que ainda tinha consigo a visão
da idade média e utilizava-se de castigos e violências para impor disciplina,
afinal à criança ainda era vista como descartável e sem valor.
A
história da Educação Infantil vinha sendo escrita desde o século XVIII, não
levando em consideração os aspectos de ensino, aprendizagem e Ludicidade.
É
no século XX com a Constituição de 1988 que a criança passa a ter direito à
Educação , quando se delega como dever do estado o “atendimento em creche e
pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade” seguido pela Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) que “estabelece, pela
primeira vez na história de nosso país, que a educação infantil é a primeira
etapa da educação básica” fazendo assim com que a forma de vermos a infância
venha se modificando ao longo dos anos.
Pensadores como Comênio, Rousseau, Pestalozzi, Decroly, Froebel e Montessori configuram as novas bases para a educação das crianças. Embora eles tivessem focos diferentes, todos reconheciam que as crianças possuíam características diferentes dos adultos, com necessidades próprias (OLIVEIRA, 2002).
É
fato, que ainda hoje a criança é tida como um adulto em miniatura por muitos
profissionais da Educação Infantil, que não levam em conta suas especificidades
e buscam apenas cuidar, ou apenas educar, não levando em consideração que
cuidar, educar e brincar são práticas indissociáveis tendo cada uma delas
importância fundamental para o desenvolvimento, físico, intelectual e moral da
criança.
No trabalho com as crianças é preciso levar em
consideração que:
A infância tem maneiras de ver, de pensar, de sentir que lhe são própria; nada há de mais insensato que querer substituí-las pelas nossas[...] (ROUSSEAU apud ELIAS, 2000, p. 54).
Muito
se tem feito no sentido de compreender essa fase e trabalhar com a criança de
forma adequada. E é de suma importância que o professor de educação infantil esteja
bem fundamentado, conhecendo as diversas fases de desenvolvimento da criança, e
lançando mão dos Referenciais Nacionais para Educação Infantil para planejar
suas aulas de modo a atender à necessidade de sua turma levando em consideração
os eixos de trabalho que deverão ser contemplados em suas aulas em um processo
constante de avaliação e reavaliação de sua prática.
Para HOFFMANN
(1996):
Historicamente, a avaliação na Educação Infantil desponta como um “elemento” de controle sobre a escola e sobre as professoras que se vêem com a tarefa de formalizar e comprovar o trabalho realizado via avaliação das crianças.
Contudo,
podemos compreender a avaliação como sendo um processo que envolve não apenas a
conceituação e classificação das competências do aluno, mas envolve
significativamente o professor. Envolve-o na reflexão sobre suas ações e sua
prática frente à sua turma. Envolve-o no que diz respeito a si mesmo e ao
outro.
A
grande dificuldade em se desenvolver um bom planejamento esbarra na falta de
instrumentalização do professor. Na falta de conhecimento de metodologias que
podem facilitar seu trabalho e auxiliar no desenvolvimento pleno das
capacidades de seus alunos.
Muitos
professores ainda fazem uso demasiadamente de métodos sintéticos alegando a
eficiência dos mesmo, enquanto que os PCN’S considerem os métodos analíticos a
melhor opção na atual conjuntura o que vem causando um impasse no meio
educacional que por vezes compromete o processo de ensino e aprendizagem. Em
nossa visão é necessário observar a cultura e o meio social do aluno e através
dessas observações considerar aspectos de um e outro método e fazer a
utilização de acordo com a necessidade da turma aproveitando o melhor que cada
um pode oferecer.
Não
se pode dizer que o método não importa, afinal é a forma como o professor irá
conduzir seu fazer pedagógico. Essa forma vai espelhar aquilo em que o professor
acredita, sua visão será passada através de suas ações e suas metodologias
serão melhoradas diariamente através do aperfeiçoamento de sua prática. É essa
forma de ver e de fazer que o auxiliará no momento da criação de um ambiente
alfabetizador, repleto de significado em que o aluno será contemplado de forma
positiva.
Mais
do que um método de alfabetização é considerado de suma importância abrir
diálogo com as crianças, ouvi-las compreendê-las, criar meios para que possam
socializar com seus colegas e assim expandir seus horizontes através da roda de
conversa.
De
acordo com os RCNEI’S:
A roda de conversa é o momento privilegiado de diálogo e intercâmbio de idéias. Por meio desse exercício cotidiano as crianças podem ampliar suas capacidades comunicativas,como a fluência para falar, perguntar, expor suas idéias, dúvidas e descobertas, ampliar seu vocabulário e aprender a valorizar o grupo como instância de troca e aprendizagem.( BRASIL 1998, p.138).
Um
outro aspecto de extrema relevância nas salas de aula de educação infantil é a
ludicidade. A ludicidade na educação infantil não é apenas recomendável, mas
necessária em cada uma das fases da criança.
Brincar desenvolve as habilidades da criança de forma natural, pois brincando aprende a socializar-se com outras crianças,desenvolve a motricidade, a mente, a criatividade, sem cobrança ou medo, mas sim com prazer” (Cunha 2001, p.14).
É
realmente triste ver que esse aspecto está sendo visto não como um momento de
aprendizado efetivo, mas como passatempo imposto pelo professor para o aluno. O
que foge drasticamente ao elemento principal do jogo ou da brincadeira que é a
liberdade.
Para
PIAGET (1967)
“o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral”
Urge
criar nas escolas espaços para que as crianças possam brincar livremente,
exercitar sua imaginação, brincar de faz de conta, manipular objetos e assim
desenvolver-se plenamente em todos os aspectos. A brinquedoteca é um desses
espaços que permite à criança viver a plenitude de sua liberdade infantil com
criatividade e prazer.
Para
CASARIN (2002):
[...] a Brinquedoteca escolar é um espaço que permite o brincar livremente, com todo o estímulo à manifestação de suas pontecialidades e necessidades lúdicas, com presença de muitos variados e diversos materiais, permitem a expressão da criatividade infantil.Almeida Casarin (2002,p.1)
É,
portanto imprescindível que o professor, tendo em vista as especificidades da
infância inclua em seu planejamento momentos para trabalhar com a criança de
forma lúdica, atrativa, respeitando sua liberdade, incentivando o
desenvolvimento de sua autonomia e após uma avaliação de sua prática e da
turma, criar novas estratégias e metodologias que contemplem não a sua
necessidade, mas a necessidade da criança enquanto cidadão que merece respeito
e, sobretudo garantia de cumprimento de seus direitos.
Conclusão:
É
preciso que a Educação Infantil seja vista não como apenas uma etapa de
preparação para a alfabetização e letramento, mas que seja respeitado o direito
da criança de ser cuidada e educada em meio a um ambiente que respeite as
especificidades da infância, onde a brincadeira não seja vista como um
passatempo, não seja imposta, mas seja livre e dê liberdade à criança para
exercitar sua criatividade.
A
educação infantil veio, ao longo do tempo sofrendo alterações significativas,
veio para cuidar, firmou-se no educar e é efetivada no brincar. Mas não um
brincar fora de um planejamento, de um objetivo e de uma metodologia, mas um
brincar que contempla a criança e suas necessidades de desenvolvimento, físico,
intelectual, moral, afetivo, emocional, social e histórico.
.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA,
Anne.
Ludicidade como instrumento pedagógico. 1997. Disponível em: <http://www.pedagogia.com.br/artigos/importanciadabrinquedoteca1/index.php>. Acesso em: 04 out.2012.
BRASIL.
Referencial curricular nacional para a
educação infantil: conhecimento de mundo. Brasília: MEC/SEF, 1998b.v.2.
CUNHA, Nylse Helena da Silva. Brinquedo,
desafio e descoberta para utilização e confecção de brinquedos. Rio de
Janeiro: Fae, 1988.
LIMA,
Lílian Salete Alonso Moreira; TEIXEIRA, Ana Maria de Souza Valle. Ensino da linguagem oral e escrita:
pedagogia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
OLIVEIRA,
Zilma Rams de Oliveira. Educação
Infantil: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2005.
PIAGET,
Jean. A psicologia da criança. Rio
de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.
RAIZER, Cassiana Magalhães. Organização e Didática na Educação Infantil: pedagogia. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2009.
SILVEIRA, Ana Paula Pinheiro da. Fundamentos da Alfabetização: pedagogia. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2009.
STEINLE, Marlizete Cristina Bonafini; SUZUKI, Juliana Telles
Faria. Educação da criança de 0 a 5 ano:
pedagogia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
SUZUKI, Juliana Telles Faria et al. Ludicidade e Educação. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012.
Olá flor!!! Parabéns pelo belo cantinho, cheio de dicas maravilhosas!!!! Já sou sua mais nova seguidora, adoraria receber sua visitinha!!!! Bjossssssssssss
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